Fundamentos de Física
Um experimento de pensamento?
Para discutir a segunda lei de Newton, vamos considerar o seguinte experimento de pensamento.
Um corpo homogêneo se encontra inicialmente em repouso num dado referencial inercial. Na primeira parte do experimento, aplicamos, sobre esse corpo, em ocasiões diferentes, as forças , e , de módulos diferentes, e medimos as acelerações, encontrando, respectivamente, , e .

O interessante é que, em módulo:
Como o cociente é independente dos módulos das forças aplicadas e das acelerações resultantes, ele deve representar uma propriedade do corpo. Essa propriedade é chamada massa do corpo. Em módulo, podemos escrevemos:
Na segunda parte do experimento, aplicamos uma força sobre o corpo, depois dividimos o corpo em duas partes iguais e sobre uma delas aplicamos a mesma força e, finalmente, dividimos essa parte em duas partes menores e iguais e sobre uma delas aplicamos novamente a mesma força .

Medindo as acelerações, encontramos, em módulo, e também . Assim, a expressão acima garante que, para as três situações (a), (b) e (c), respectivamente:
ou seja:
Comparando entre si estas expressões, obtemos o seguinte resultado:
Portanto, cada uma das duas partes iguais em que o corpo foi dividido tem massa m/2 e cada uma das quatro partes iguais em que o corpo foi dividido tem massa m/4. Como o experimento pode continuar com frações cada vez menores do corpo e como o corpo é homogêneo, podemos concluir que a sua massa está igualmente distribuída ao longo do seu volume.
Por outro lado, a discussão acima deixa claro que quanto menor a massa do corpo, maior a aceleração adquirida para a mesma força aplicada.
Se um corpo está parado ou em MRU num referencial inercial, a primeira lei de Newton permite concluir que esse corpo permanece parado ou em MRU se a resultante das forças que atuam sobre ele é zero.
No entanto, se a resultante das forças é diferente de zero, esse corpo tem uma aceleração. Isto significa que o seu estado de movimento, caracterizado pela sua velocidade, muda continuamente. Além disso, quanto maior for a massa do corpo, menor é o módulo de sua aceleração. Dito de outra maneira, quanto maior for a massa do corpo, menor é sua variação de velocidade. Para se referir a esse fato dizemos que a massa é a medida da inércia do corpo ou então, talvez de modo inapropriado, que a inércia é a tendência do corpo de permanecer no seu estado de movimento.

Site do Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria (GEF-UFSM)