E quanto às energias das órbitas eletrônicas?

Suponhamos que queremos medir não apenas a energia de uma partícula, mas também a duração do intervalo de tempo que ela permanece com esta energia. A relação de incerteza de Heisenberg:

ΔEΔt ħ2

em que ΔE e Δt são, respectivamente, as incertezas na energia e no intervalo de tempo, impõe uma revisão no conceito de estado estacionário. Nesta relação, ħ é a constante de Planck dividida por 2π.

Consideremos que um elétron passa da órbita 1, correspondente ao estado fundamental do átomo, para a órbita 2, correspondente ao primeiro estado excitado do átomo. O elétron permanece na órbita 2 certo intervalo de tempo e depois retorna à órbita 1. O intervalo médio de tempo durante o qual o elétron permanece na órbita 2, chamado de vida média do estado correspondente, não pode ser previsto. Na verdade, só podemos falar na probabilidade por unidade de tempo de que o elétron salte ao estado de menor energia. Desse modo, o intervalo de tempo médio durante o qual o elétron permanece no estado excitado, que é inversamente proporcional à dita probabilidade, só pode ser conhecido com certa imprecisão Δt. Assim, a grandeza ΔE, dada por:

ΔE ħ2Δt

pode ser considerada como a imprecisão com que podemos determinar o valor da energia do estado excitado em questão. A grandeza ΔE é chamada de largura de energia do estado considerado. Medidas da energia do estado excitado dão, com maior probabilidade, valores entre (E½ΔE) e (E+½ΔE).

De modo geral, uma boa estimativa para o valor máximo de Δt é supor que ele seja da ordem de τ, a vida média do estado:

Δtτ

Desse modo, quanto maior a vida média de um estado, menor é a correspondente largura de energia.

A vida média do estado fundamental é infinita porque um átomo, nesse estado, não pode realizar uma transição para um estado de energia menor. Assim, para o estado fundamental, ΔE=0. Em palavras: a energia do estado fundamental pode ser determinada exatamente.

Largura de energia

Qualquer outro estado deve ter uma largura de energia diferente de zero. Por isso, a energia emitida numa transição radiativa não é bem definida. Numa transição entre os estados de energia E1 (não necessariamente o estado fundamental) e E2, os fótons emitidos ou absorvidos têm energia entre os seguintes valores:

|E2E1 |ΔE2

e

|E2E1 |+ΔE2

em que ΔE é a largura de energia total dos dois estados.

Para dar uma idéia da ordem de grandeza de ΔE, consideremos o primeiro estado excitado do átomo de mercúrio, cuja vida média é da ordem de 108 s. Com:

  • ħ=6,59×10 16 eVs

temos:

ΔE ħ2Δt 3,29×10 8 eV

A energia do primeiro estado excitado do átomo de mercúrio é de 4,86  eV. Portanto, ΔE é cerca de 108 vezes menor do que E.

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